FUTURO DO BRASIL: MAIS UM FLA-FLU?
Diferentemente do novo Fla-Flu (ou Grenal, Ba-Vi, Atletiba, dentre tantos outros, como queiram) a proposta do Federalismo Pleno para o Brasil, reformando completamente a Federação e a própria estrutura do Estado Brasileiro, não entra nessa luta ideológica. E isso é defendido por mais e mais gente, que percebeu que o jogo deve mudar, mudando a essência do poder para o poder local, do fim da concentração dos poderes e da concentração política. As pessoas estão começando a fazer ligações entre causa e feitos.
E, de fato, a manipulação para o “nós x eles” já foi identificada por muitos. E cabe uma rápida análise sobre o porquê da esquerda ter dominado por tanto tempo, a narrativa das soluções para o País: Tal ideologia está dividida em 3 partes a saber: 1 – os doutrinadores – um problema de patologia, que não tem conserto – mas que compõe uma minoria da minoria. 2 – a esquerda econômica, que prega, como muitos da Direita também o fazem, o estatismo, a ideia de que é o Estado que deve ser o protagonista, pois o Povo não tem capacidade, não tem moral suficiente, etc…. 3 – a esquerda moral – que é recheada dos humanistas – pessoas que se preocupam com o social, como meio ambiente, com os animais, com a alimentação, com a falta de atendimento dos menos aquinhoados, dos desempregados, enfim. Pensam e atuam nos efeitos e por vezes consideram que é o Estado que deve ajudar e resolver, mesmo pressionando a Sociedade a pagar por isso, tal como os defensores de mais impostos aos ricos. Curiosamente muita gente de direita tem o mesmo comportamento da esquerda moral.
Tudo isso, resulta em desastres econômicos e sociais. Então, discursos de “Estado Mínimo” encontram resistências por conta de tais preocupações, as quais, não podem deixar de ser consideradas justas. O problema é: como resolver? O Federalismo Pleno, que traz a autonomia plena para os estados, e muita autonomia para as cidades, mexendo com as estruturas burocráticas e políticas, dará liberdade para que o poder local seja mais eficiente e eficaz nas políticas públicas que se fizerem necessárias. Seria o mesmo que dizer que o “Estado” vai ficar mais perto do cidadão, pois Brasília está longe de todos.
Com o Federalismo Pleno, teremos, de acordo com a escolha de cada cidade e cada estado, o tamanho das respectivas máquinas, porém com uma fundamental diferença: a conta a ser paga será visível e sentida por cada respectiva população, criando o que se chama de representação fiscal ou tributária, o que levará a uma pedagogia cívica, condominial, pois os processos e métodos de gestão pública e política das cidades e dos estados estarão não apenas visíveis às respectivas populações, mas disponíveis para as respectivas decisões. Ou seja, se é verdade que o bolso é o órgão mais sensível do brasileiro, juntamente com a percepção de que sua participação será direta e efetiva nas decisões de custos, sem a ingerência ou manipulação de partidos e grupos políticos especialmente nas cidades, então caminharemos para a verdadeira responsabilidade fiscal e social, porque bem cuidam dos interesses da cidade onde residem, bem como, seus concidadãos desafortunados, somente aqueles que estão perto deles. Obviamente que tais medidas, otimizando as políticas públicas e a respectiva gestão quanto aos seus custos, resultarão em forte devolução de recursos à Sociedade, hoje surrupiados automaticamente pelo mais perverso sistema tributário do planeta, concentrando 75% de toda a receita de tributos nacionais na União, ficando com esta, após as devoluções via redistribuição obrigatória via fundos e demais repasses, cerca de 56%. Ou seja, uma desnecessária concentração para fins redistributivos, que beneficiam mais os operadores do processo do que os extorquidos.
No Federalismo Pleno, a Sociedade, irrigada com o sangue monetário do que ela mesma produz, prosperará, gerando novas oportunidades de trabalho e negócios para muitos, resultando em crescimento econômico e social sustentável, ou seja, perene, abandonando a matriz econômica centralizada que resulta apenas em “voos de galinha”. Muitos dos assistidos hoje pelo Governo Central serão incluídos na vida econômica e social, passando a ter perspectivas de crescimento pessoal, em todos os campos, desde as tarefas mais simples até as mais complexas.
O Federalismo Pleno, cujo projeto inclui grandes transformações estruturais e políticas, resultará no destravamento do País como um todo, liberando os indivíduos, as cidades e estados para autonomias plenas, incluindo, além da autonomia tributária e administrativa, a legislativa e judiciária. Para isso será necessário que o modelo seja implantado por meio de uma nova constituição – que só será possível por meio de um referendo sobre um texto pronto, feito à margem de uma constituinte sabidamente passível de corrupção por lobbies de todos os tipos. Se você pensou em algo parecido com um “reset” do sistema que vige no Brasil, com todos os seus “softwares” corporativistas e beneficiários à custa do Povo que paga a conta, acertou. Sem isso, o sistema nos levará para uma tela negra, ou talvez até vermelha, de pane geral. Ainda temos condições de impedir esse “crash” do sistema, e um dos fatores é mais e mais usuários, hoje vítimas do sistema, tomarem conhecimento destas ideias, que vão bem além do Fla-Flu das ideologias e também dos simples discursos de promessas políticas, que podem até ser bem intencionadas, mas que morrem sempre na praia dos autoenganos. Portanto, desde já, só depende só de você, cidadão, pagador da conta, e não dos que vivem do sistema mudar o sistema. As ferramentas da democracia estão disponíveis. Uma delas, é espalhar tais conceitos e soluções. E isso, atualmente, está bem mais fácil do que há 50 anos.
*Thomas Korontai é empresário, autor de livros sobre Federalismo Pleno e fundador e líder do Movimento Federalista.
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