EDUCAÇÃO: DESASTRES NATURAIS E DESASTRES HUMANOS
Por Maurizzio Canali*
Quando vemos estas fotos de Paris alagada, algo de imediato chama a atenção: há somente água. Você não vê toneladas de lixo, fezes, móveis, garrafas pet, sacos de lixo… eventualmente, talvez, em um ponto ou outro da cidade você, veja algum lixo boiando sobre as águas, mas é a exceção, e não a regra.
Por quase vinte anos vivemos sob a tutela de um governo populista que desprezava a educação. Não me refiro somente a educação acadêmica, que é importante, mas à educação para a vida, à civilidade, à cidadania e à convivencialidade. A deseducação é vital para a perpetuação destes governos, ditos de esquerda, em várias partes do mundo, e a cartilha usada é sempre a mesma.
Uma população ignorante, mal nutrida, adoentada, vitima de um sistema de saúde deficiente, exposta à violência e ao fantasma do desemprego, se torna, facilmente, dependente do Estado, que se apresenta como um Salvador, o grande Pai e provedor, para defender “o povo” das dificuldades e mazelas que ele mesmo criou. Mas jamais irá solucioná-las. Isto não interessa. Pior, semeará a discórdia e a divisão e segmentação da sociedade, criando leis sob o pretexto de proteger determinadas “minorias”, mas visando simplesmente que os membros desta sociedade se vejam como rivais, como inimigos, dos quais o Estado, na figura de líderes mentirosos e sem escrúpulos, os protege. Símbolos nacionais são retirados dos passaportes e das escolas, os hinos cívicos e nacional são relegados à partidas de futebol como se tivessem o mesmo valor que hinos de times, cria-se o politicamente correto, e ter senso crítico é mal visto como preconceito, que em alguns casos pode levar a prisão…
Todo este conjunto de ações, intencionais e estudadas, cria uma população que não se percebe, a si mesma, como nação; não entende que os bens públicos — como o nome diz — pertencem a todos e a cada indivíduo — e não ao Estado —, e que assim, deveria zelar por eles, e não destruí-los, ou roubá-los, para benefício pessoal. O indivíduo não se preocupa com seu vizinho, pois no máximo, entende os laços de família, como se o bem estar das demais pessoas tivesse importância secundária. Tem uma relação desconectada com o meio ambiente, mesmo o imediato, à volta de sua residência. Gera muitos resíduos, continua e inconscientemente, e não percebe que não existe “jogar o lixo fora”, o que existe é mudar o lixo de lugar, pois tudo está sempre dentro do ambiente do planeta, do estado, da cidade, de sua rua, de sua calçada. É comum ver o absurdo, de prédios, mesmo na zona sul, colocando o lixo gerado por seu condomínio, em sacos de lixo, frágeis, na calçada, num espetáculo deprimente, seguido de outro, retrato metafórico de nossa sociedade: o espetáculo de catadores, virando o lixo, rasgando os sacos e espalhando os dejetos nas vias públicas, deixando atrás de si um rastro de sujeira e lixo espalhado pelas ruas. À tudo isto o brasileiro se acostumou, incorporou a sua rotina, e acha normal transitar em meio a lixo e ao mal cheiro.
O Rio de Janeiro é cortado por rios. Rios, sim. As fossas que você vê a céu aberto eram rios. Lindos e de água limpa. Boa parte deles, foram canalizados, tornando-se rios subterrâneos, ou melhor, sendo transformados em redes de esgoto — pelo governo e gestores públicos, num ato criminoso. Outrora, estas águas abrigavam vida — peixes nadavam nelas… porém, as pessoas — e aqui incluo o gestores públicos, que foram cúmplices —, tornadas estúpidas pela deseducação, transformam os rios em fossas à céu aberto, com o aval do Estado, composto de políticos, que se entregam à corrupção, e não se interessam em montar um sistema de saneamento e esgoto, separando as águas pluviais, e dos rios, do esgoto doméstico.
Deveríamos ter vergonha, muita vergonha, ao ver fotos como esta, das águas tomando Paris, sem lhe tirar a beleza. E o que diferencia os seres humanos que vivem no Brasil dos que vivem na França é o grau de educação, autoconsciência e civilidade.
O que podemos fazer a respeito? Educar esta população é uma missão que só geraria frutos concretos daqui ha trinta anos, caso se comece um projeto coeso e contínuo, hoje. Mas é preciso começar! E começar exige mudanças profundas em nosso sistema político — pois estes são responsáveis pela Gestão Pública. As mudanças sociais são indissociáveis de mudanças política. De todas as propostas atuais, das quais tenho conhecimento, a do sistema Federalista Pleno (1), é a mais democrática, racional, coesa e efetiva. Esta proposta, busca referências em sistemas extremamente eficientes, como o americano e o alemão, mas não os copia e, sim, adéqua à nossa realidade — expandindo seu alcance, e por isto o adjetivo PLENO. Este sistema de governo cria um conjunto de condições que dificulta e cria grandes obstáculos ao crescimento das “ervas-daninhas” na administração pública, inibe a corrupção, impossibilitando que ocorra num nível nacional, ficando restrita ao estado ou município, onde é mais facilmente detectada, e dá ao cidadão, e não mais ao Estado, o papel de protagonista. Por isto, Brasília resiste e procura abafar esta proposta há mais de 26 anos. Sim, a proposta não é nova, mas não interessa aos políticos de carreira, de forma geral. E os homens que se reúnem à frente do Federalismo Pleno, liderados por Thomas Korontai, tem encontrado enorme dificuldade em divulgar suas ideias, pois a própria imprensa, os grandes conglomerados de informação, são financiados pelas verbas públicas, e assim, se interessam que o atual sistema se mantenha de modo a manter as altas verbas de publicidade investidas nestas redes de informação — televisiva, eletrônica, impressa e radiofônica.
Porém, para mudar o sistema, precisamos vencer, primeiramente a barreira da comunicação e os criminosos que se instalaram na política, que que obstacularizam do todo o progresso social. E a forma de muda, pela via democrática, lícita e legal é pelo voto — pois o Federalismo não é imposto à força, ele brota da conscientização de cada um, da convicção de cada individuo, e de sua ciência a respeito de seus direitos, deveres e importância social.
O Federalismo Pleno não pode ser imposto verticalmente, de governante para governado, pois é, em essência, um movimento do cidadão, emana de cada individuo, da base da sociedade para o ápice, de baixo para cima, e também horizontal, quando leva em consideração a diversidade e a ecologia social entre os indivíduos que compõe a sociedade. O Federalismo Pleno tem por base o “princípio da subsidiariedade”, o princípio das autonomias locais. Para não me alongar falarei sobre a estrutura do Federalimo Pleno em outro texto (1).
E a transição para o Federalismo Pleno deve se fazer pelo voto, seu principal instrumento. E este é outro grande problema. O Brasil importa tecnologia “venezuelana” para suas urnas eletrônicas, que são recusadas nas grandes democracias do mundo, que apesar de dominarem a tecnologia da informação, mantém o voto em cédulas de papel.
Não podemos mais aceitar o voto eletrônico, retificando as fraudes que perpetuam os criminosos no poder, como se isto fosse resultado da vontade popular. Pesquisas fraudulentas são encomendadas, previamente, fazendo a população acreditar que tal ou qual é realmente um líder nas pesquisas, e quando o resultado aparece na urna, todos se conformam. É hora de dar um basta neste estado de coisa. O Brasil precisa exigir, em uníssono, o voto em cédula ou impresso, e não se curvar a vontade daqueles que deveriam ser espelhos da vontade popular, e não se opor à ela, colocando os interesses pessoais acima dos interesses nacionais. Cédulas de papel podem até gerar fraudes pontuais, mas não em grande escala, significativas e de efeito tão perverso como o voto eletrônico. Qualquer forma de voto que não seja auditável é espúria.
Veja, uma a uma, as fotos de Paris, inundada, e, refletidas nessas águas, o que o Brasil poderia ser. Um país bem mais “limpo”, material, humana, politica, moral e eticamente.
Impressionante o como o mero o olhar atento sobre um fato, traz à tona importantes reflexões. “Puxa-se uma pena e vem uma galinha”, rememorando as palavras do eminente ministro Teori Zavascki, usadas aqui em seu aspecto de revelar aspectos saudáveis e produtivos.
Os maiores desastres não são os naturais, mas os criados pelos homens, especialmente pelos que tem fome de poder e nenhum escrúpulo.
Maurízzio.’.
(1) Quem quiser se informar sobre o movimento do Federalismo Pleno e a formação de Ligas e de um partido Federalista, já para as próxima eleições, acesse o site: http://www.mf.org.br
Maurizzio Canali é Coach e Terapeuta Transpessoal, Enneanalista, Yoga, Meditação, Intel. Espiritual e Articulista
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